Nunca antes te escrevi uma carta, nunca houve a chance de me permitir, de deixar o sentimento dizer em palavras aquilo que fingi não ver desde o momento que meus olhos cruzaram os teus. Eu te vi chegar e partir e o que havia ficado do 'entre nós' foi aquele beijo com o céu nascendo em azul. O beijo que guardei comigo e sonhei por noites - ah, tantas noites... - que ele rompesse aquela quase manhã e ficasse por mais tempo. E você foi desaparecendo de mim até que eu não te lembrasse por dias, meses... E você aparecia, de todas as formas que você não imaginaria ter aparecido. Você. Não, eu nunca caminhei em sua direção e também não saberia explicar o que sempre me levava para o lado oposto de você. Talvez eu já soubesse. E me distraí: Fui em sua direção e meu coração ficou tão contente que eu não consigo entender como é que fiquei tanto tempo longe de você. E aquele beijo que sonhei por noites - ah, tantas noites... - me tomou numa outra quase manhã - o mesmo gesto, o mesmo gosto - e quase corri quando te vi desaparecer pela multidão levando junto o meu nunca, meu laço, meu amor. Você desapareceu na multidão e eu chorei vendo o Sol nascer sem você ao meu lado. Porque eu já te amava, desde que meus olhos cruzaram os teus. E te procurei pelas ruas, bares, pontes, avenidas. Andei por dias procurando encontrar você: E te achei. Ou você me achou. E outra vez seu beijo precedendo a queda e seu cheiro doce me abandonando as pernas e te abracei e não te deixei partir: não vai embora, por favor, não vai embora. E o dia nascendo em azul e nossos braços pernas corações entrelaçados, ponto de bala, ponto de encontro. E mais uma vez te vi desaparecer da minha vista levando meus abraços, meus pés, minha calma.
Volta, traz de volta tudo aquilo que era meu e agora é seu.

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